Os Vencedores

A volta por cima da geração esmagada pela ditadura de 1964

Ayrton Centeno

Chumbo, sangue e lágrimas Quem ganhou, perdeu. Quem perdeu, ganhou. Cinquenta anos após o advento da ditadura de 1964, é assim que se resume a ópera daqueles anos de chumbo, sangue e lágrimas. Por ironia, os vitoriosos de ontem habitam os subúrbios da História, enquanto os derrotados de então são os vencedores de agora.

Exilados, presos, torturados e proibidos no passado tornaram-se presidentes, ministros, governadores, parlamentares, escritores, artistas, cineastas, músicos. Quando o AI-5 arreganhou suas mandíbulas, parte deles empunhou as armas, enquanto outra fração usou palavras, sons e imagens contra o regime. É a jornada destes vencedores tardios – na imensa maioria jovens ou adolescentes em 1964 – que Ayrton Centeno persegue, resgata e narra neste livro. Sob a forma de uma grande reportagem, sem abrir mão do rigor jornalístico, mas com a pegada de um thriller arrebatador.

Leia o primeiro capítulo:

VIRADA NO JOGO
Livro sobre 1964 mostra que perdedores de ontem são os vencedores de hoje.

Cinquenta anos após os acontecimentos de 1964, os vitoriosos de então se escondem na periferia da História. Na democracia, censores, torturadores, interventores temem revelar sua identidade. Os chefes militares que sobreviveram ao cinquentenário da derrubada do governo Goulart constatam, hoje, que o nome real daquilo que chamaram “Revolução Redentora” é golpe. Enquanto isso, os censurados, exilados, cassados, aprisionados e torturados de ontem integram a elite política do país. Nos últimos 20 anos, o Brasil foi governado, primeiro, por um antigo exilado, depois por um ex-preso político e, finalmente, por uma mulher, ex-presa política e torturada. Quem ganhou, perdeu. Quem perdeu, ganhou.

Este é o tema de Os vencedores – volta por cima da geração esmagada pela ditadura de 1964, que está chegando às livrarias pela Geração Editorial. O autor é o jornalista Ayrton Centeno, ex-Agência Estado, Estadão, Veja, Coojornal, Brasília Confidencial, entre outras redações. Durante três anos, ele pesquisou, leu e releu uma vasta bibliografia e viajou pelo país entrevistando muitos dos vencidos, recuperando a jornada de dezenas deles pelo cenário político tétrico dos 21 anos de autoritarismo.

É, na verdade, uma vasta reportagem, que alcança 856 páginas, e aborda o assalto aos céus promovido por algumas centenas de revolucionários, desafiando um inimigo imensamente mais poderoso. Mas não é só isto. Além da luta armada, trata também daqueles setores que peitaram a ditadura com a palavra, o gesto, o som, a imagem.

No front da política, visita-se a beleza e as agruras da resistência. Percorre-se, por exemplo, as trajetórias de Dilma Rousseff , Carlos Araújo, Lula, Aloysio Nunes Ferreira, Alfredo Sirkis, Frei Betto, Lúcia Murat, José Dirceu, José Genoíno, Tarso Genro. Na trincheira da cultura, descobre-se audácias e percalços de Gilberto Gil, Marília Pêra, Ignácio de Loyola Brandão, José Celso Martinez Correia, Helvécio Ratton entre outros personagens.

Mas não se trata de biografias estanques, contidas em um só volume. Os personagens se inter-relacionam, frequentando diferentes capítulos, enriquecendo cada um a caminhada do outro. Não se trata, também, apenas das lembranças sobre a própria jornada dos sobreviventes de tempos tão extraordinários. Além da bibliografia, o autor recorre aos depoentes para que tragam à presença do leitor a trajetória dos que ficaram pelo caminho. São os vivos falando pelos mortos. Assim, no relato emergem figuras como as de Carlos Marighella, Carlos Lamarca,Frei Tito, Iara Iavelberg, Vera Sílvia Magalhães, Eduardo Coleen Leite, Herbert Daniel, Joaquim Câmara Ferreira, Carlos Alberto Soares de Freitas, Maria Auxiliadora Lara Barcelos e outras.

O relato revisita também situações-chave dos anos 1960/1970: os sequestros dos embaixadores dos Estados Unidos, Alemanha e Suíça; a “Ação Grande” praticada pela VAR-Palmares, ou seja, o roubo do cofre que guardava as propinas recebidas pelo ex-governador paulista Adhemar de Barros; o destroçamento da guerrilha do PCdoB no Pará; a urdidura por militares do atentado frustrado contra o Riocentro; o caso Parasar, complô dos ultraduros do regime que, se realizado, poderia matar 100 mil pessoas, jogando para o rodapé da história do terrorismo o atentado contra as Torres Gêmeas, em Nova Iorque; o ambiente dos festivais dos anos 1960 e as disputas dentro da MPB, num período em que música popular e ativismo político nunca estiveram tão unidos; o ataque contra os atores da peça Roda Viva, de Chico Buarque; as grandes passeatas contra a ditadura. Tudo sem esquecer a ascensão, apogeu e ruína das organizações armadas, perseguidas e aniquiladas na tortura e no assassinato. É uma narrativa que conecta passado e presente, trazendo nos capítulos finais a ação para 2014.

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Fonte: Divulgação/editora

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Idioma: Português

ISBN mais comum: 9788581302195

Principal editora: Geração

Preço médio: R$ 62,90

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Capa de Os Vencedores - Ayrton Centeno

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