Aprendendo a viver

Clarice Lispector

Aprendendo a viver é uma seleção das crônicas mais confessionais escritas por Clarice Lispector na década de 70. Organizado por Pedro Karp Vasquez, o livro reúne uma série de textos em que a escritora conta sua própria vida. É Clarice Lispector na primeira pessoa, detalhando passagens marcantes de sua história, divagando sobre os temas mais variados, revelando particularidades de seu cotidiano e esmiuçando seu processo criativo.

Os textos reunidos em Aprendendo a viver foram publicados originalmente no Jornal do Brasil, entre agosto de 1967 e dezembro de 1973, período em que Clarice Lispector assinava uma crônica semanal no diário carioca. A escritora aproveitava aquele espaço das formas mais variadas: ela discutia acontecimentos recentes, filosofava sobre a existência, tratava de acontecimentos cotidianos e até antecipava trechos de seus romances inéditos.

Aprendendo a viver faz as vezes de autobiografia de Clarice Lispector, repleto de revelações pessoais que ajudam até mesmo a compreender melhor a inigualável obra literária que ela deixou. No livro, ela conta, por exemplo, que nunca superou o sentimento de culpa pela morte de sua mãe – Clarice foi gerada numa época em que se acreditava que a gravidez podia curar uma mulher doente, mas seu nascimento não evitou que sua mãe morresse, dez anos depois. Ela fala das humilhações de que foi vítima na infância, cogita a origem de sua necessidade de proteção masculina, revela quais foram os livros que marcaram cada fase de sua vida e rejeita o rótulo de intelectual – "Ser intelectual é usar sobretudo a inteligência, o que eu não faço: uso é a intuição, o instinto", ela diz. Clarice garante que nem mesmo culta ela era, pois lia pouquíssimo e nem tudo que lia era bom.

Há trechos de extrema beleza. O leitor descobre que Clarice, apesar de casada e com filhos, passava as noites de Natal na companhia de uma amiga solitária, sempre em restaurantes cheios, para que ela visse quanta gente sozinha havia no mundo. Também é encantador quando Clarice se imagina lendo seus próprios livros em outra encarnação, sem saber que foi ela mesma quem os escreveu, numa outra vida. Ou quando ela se mostra incapaz de comer algo que tenha plantado, por amor ao ser vivo que ajudou a criar.

Mesmo quando Clarice fala de banalidades, seu texto nunca é frívolo. Sua narrativa pode começar com um relato sobre um cisco no olho e evoluir para uma reflexão sobre a vida, a morte, o amor, o infinito, a mentira. Ela escreveu numa crônica sobre sua viagem ao Egito: "Vi a Esfinge. Não a decifrei. Mas ela também não me decifrou. Encaramo-nos de igual para igual. Ela me aceitou, eu a aceitei. Cada uma com o seu mistério. Não é à toa que a obra de Clarice é tão estudada por filósofos e psicanalistas", diz Teresa Montero, autora de Eu sou uma pergunta, biografia de Clarice Lispector publicada pela Rocco.

Aos pesquisadores da obra de Clarice, talvez interessem mais os textos em que a autora fala sobre seu ofício. Ela explica que suas histórias se desenvolviam à medida que ela escrevia, e nasciam quase sempre de uma sensação ou de uma palavra ouvida. Quando um romance surgia inteiro na sua cabeça, este nem chegava a ir para o papel, ficava só no título, por ela considerar desestimulante escrever sobre o que já sabia. Em dado momento do livro, Clarice reclama dos que a consideram uma escritora hermética: "Quando escrevo para crianças, sou compreendida, mas quando escrevo para adultos fico difícil? Deveria eu escrever para os adultos com as palavras e os sentimentos adequados a uma criança? Não posso falar de igual para igual?" Por vezes, ela até mesmo cogita abandonar a literatura: "Quem sabe, também eu já poderia não escrever? Como é infinitamente mais ambicioso. É quase inalcançável."

ler mais

Fonte: Divulgação/editora

COMPRAR na Amazon

Primeira publicação: 2004

Idioma: Português

ISBN mais comum: 9788588771840

CDD: 869.8

Principal editora: Sociedade Literária

Capa de Aprendendo a viver - Clarice Lispector

Veja os exemplares deste livro encontrados nas bibliotecas dos Livristas:

Isso é tudo!

Nenhuma resenha disponível.

Livros em oferta na Amazon

Utilizamos cookies e coletamos dados de navegação para fornecer uma melhor experiência para nossos usuários. Para saber mais os dados que coletamos, consulte nossa política de privacidade. Ao continuar navegando no site, você concorda integralmente com os termos desta política.